terça-feira, 7 de julho de 2009

Ciberbullying: uma nova praga virtual

A velha prática da opressão física entre estudantes durante o período escolar parece caminhar por novos caminhos e se adequar perfeitamente ao advento das novas tecnologias no mundo contemporâneo. Com o avanço tecnológico e a forte proliferação de sites de relacionamento na internet, a opressão física e psicológica, comumente praticada pelos “mais fortes” sobre os considerados”mais fracos” e sem motivos aparentes (o bullying), demonstra grande capacidade de adaptação e ultrapassa os limites do mundo real para atingir os ambientes virtuais.

Um exemplo notório desse novo fenômeno, que os especialistas denominam “Ciberbullying”, acontecera recentemente no Brasil, quando os pais de cerca de 12 meninas, entre 12 e 14 anos, denunciaram abusos físicos e psicológicos que suas filhas vinham sofrendo por um grupo de moças da mesma faixa etária, supostamente organizadas numa comunidade do Orkut intitulada “Bonde do Capeta”. O objetivo das agressoras seria aplicar “um corretivo” em meninas que fossem bonitas, loiras e estudiosas. As ações se caracterizavam por emboscadas em grupo no momento em que as estudantes – que se encaixassem no perfil – saiam da escola, ou com frases ameaçadoras no quadro-negro, aconselhando que as vítimas se despedissem dos pais, “pois o dia de sua morte estaria próximo”.

A polícia já iniciou as investigações, descobriu a identidade de algumas das transgressoras e excluiu a comunidade da internet, mas as ações violentas ainda não cessaram por completo. A maior preocupação das autoridades é que essa corrente se propague ainda mais e faça novas vítimas, podendo inclusive acarretar conseqüências fatais.

Nos Estados Unidos, onde a prática do bullying é freqüente e vários desfechos trágicos já foram registrados, um novo projeto de lei para adoção de medidas mais enérgicas, em caso de comprovação de ameaças violentas pela internet, está sendo apreciado no Congresso Nacional. A senadora californiana Linda Sanchez, autora do projeto “Megan Meyer” (em homenagem ao estudante norte-americano que se suicidou em 2007, vítima do Ciberbullying), já conta com o apoio de 14 deputados. Entretanto, ainda precisa enfrentar a oposição de parte dos congressistas, que indicam pontos do projeto que possivelmente feririam o direito à liberdade de expressão dos internautas, por ser difícil diferenciar o que é opressão virtual de “discussões relevantes”, próprias da linguagem do público jovem.

O bullying é considerado por especialistas um problema sério por acarretar consequências futuras graves tanto para os agressores quanto para os agredidos. No caso dos agressores, os jovens podem desenvolver uma personalidade violenta e opressora, por acreditarem que as relações sociais devem ser mediadas pela força física; para os agredidos, os prejuízos são ainda maiores: mania de perseguição, complexo de inferioridade e dificuldades de relacionamento com o próximo estão entre os principais pontos negativos.