terça-feira, 4 de novembro de 2008

APESAR DE TUDO, SER LIVRE!


O direito à livre manifestação do pensamento, bem como o direito de ir e vir e da liberdade sexual, são bens intocáveis e irrefutáveis para o desenvolvimento de um espírito democrático no meio social. Ter a possibilidade de expor opiniões; de fazer escolhas; de tomar decisões pessoais por meio de julgamento próprio; de criticar abertamente tudo aquilo que nos incomoda e de propor soluções aos erros que enxergamos no cotidiano não são direitos inerentes ao ser humano, mas conquistados a duras penas, através de muita luta, travada por aqueles que sempre acreditaram e ainda acreditam que a felicidade só é mesmo possível quando aliada à irrestrita liberdade do ser.
Ora, mas disso todo mundo já sabe (ou deveria saber). Ou porque escutou numa conversa, leu em algum livro ou assistiu num programa de TV. Além do mais, esse vem sendo um assunto batido e debatido amiúde nas escolas, universidades e ONGs das mais diferentes siglas.
De falta de informação ninguém pode se queixar!
O problema, meus amigos, é que tudo parece entrar por um ouvido e sair pelo outro, como se esse papo de “direitos” e “deveres morais” só fizesse efeito de verdade nos discursos de papel. Na vida real, as coisas seriam bem diferentes: “quem manda é quem tem dinheiro”, ou “rico nunca vai pra cadeia”. Típica argumentação do senso comum.
Mas uma coisa é certa: a defesa da liberdade de expressão vem, a cada dia que passa, ganhando uma conotação quase que angelical, com pouca ou nenhuma conexão com a realidade. E isso não acontece por acaso...
Levantar as bandeiras do combate às diversas formas de opressão parece confundir-se, aos olhos da sociedade, com a retórica política ou com os discursos dos velhos moralistas de sempre. Infelizmente. A banalização desse tipo de defesa nada mais é do que o resultado de uma contaminação torpe, promovida por aqueles que não estão nem um pouco preocupados com a luta pela liberdade do homem, mas apenas com a satisfação dos seus desejos imediatos.
Trocando em miúdos, o discurso da liberdade de expressão se enquadra atualmente em objetivos extra-coletivos, como vencer uma eleição política ou conquistar uma imagem ilibada perante a sociedade, por exemplo. Reflexo de uma sociedade capitalista/ individualista, onde a promoção da própria imagem é mediada por uma lógica de mercado: os produtos mais qualificados e em melhor preço aparecem no topo das vendas, ao passo que os demais tendem a invalidar-se nas prateleiras dos supermercados. Augusto Comte chamava isso de Darwinismo Social.
Quer dizer então que tudo está perdido e que devemos desistir?
Claro que não!
Um homem não pode existir sem uma ética que o defina, nem um norte que o oriente. E tudo depende, não só do meio cultural no qual nasce, cresce e evolui como cidadão, mas também de suas próprias escolhas.
Eu posso escolher me conformar com tudo e não lutar por nada. Achar que o mundo, apesar de injusto, não é tão ruim pra se viver e que não sou o culpado das mazelas existentes. Posso até concordar que um pensamento hegemônico se sobressaia ao meu, se considerar que isso será bom pra todo mundo...
Ou posso me rebelar, por acreditar que o que eu tenho a dizer também tem muito valor. Que as minhas idéias podem sim fazer a diferença, mesmo que muitos não concordem com ela. Que eu posso até gritar se quiser, mesmo que as mãos dos mais fortes insistam em me amordaçar.
Eu prefiro ser livre, apesar de tudo...

6 comentários:

S.Glóss Mountra'l disse...

Concordo plenamente no fato de ser livre,de expor as suas idéias,seus conceitos,a forma de ver o mundo,enfim gritar suas opiniões.


Quer dizer então que tudo está perdido e que devemos desistir?

Claro que não!


adorei esse trecho,como iremos ser livres se desistir.

Unknown disse...

bom...

locutordenilsonchaves disse...

Muito boa a sua matéria, e expressa basicamente aquilo que muitos de nós sentimos, mas como sugere, denota e confirma o seu texto, continuamos a não entender porque andamos ao contrário, ou seja, somos limitados a falar de expressões pessoais e idéias centradas, quando as mesmas, não correspondem ao interesse social..Parabéns..

Ganhou mais um leitor..

Como vc viu no Msn
"CICATRIZES DE GUERRA, MOSTRAM O QUANTO VOCÊ É VENCEDOR"

Unknown disse...

adorei a materia vc está de parabens!!!

Unknown disse...

“De falta de informação ninguém pode se queixar!”. Bom, não sei de que tipo de informação você está falando. Hoje, numa sociedade onde o valor de troca contamina todos os aspectos da vida social e até o homem se transforma em fetiche, devemos levar em conta não as informações pelas informações, mas para quem elas servem e com que finalidade estão sendo transmitidas. Acredito que temos muito do que nos queixar. Quem tem a regência dessa informação não somos nós e sim os monopólios midiáticos, assim veiculam o que der mais lucro, independente de ter ou não qualidade. E sobre a “típica argumentação do senso comum”, penso o contrário, é uma análise correta da realidade objetiva que nos está dada. Os direitos e deveres morais também são regidos por preceitos burgueses e se for oportuno que saiam do papel, eles saem, se não, como nos casos em que realmente atendem os interesses da coletividade, eles continuam no papel, como é de praxe. A justiça existe pra manter a ordem burguesa, portanto esses direitos e deveres não foram construídos por nós e não atendem as nossas reais necessidades. E quanto à “quem manda é quem tem dinheiro” e “rico nunca vai pra cadeia”, acho que nem preciso comentar né? Só se você for doido ou cego de intelectualidade pra não ver que isso existe concretamente. Se todos os aparelhos coercitivos e ideológicos são controlados pela classe dominante, ou seja, a dona dos meios de produção e de troca, logicamente essa sua argumentação não tem fundamento na realidade objetiva.

Paulo Victor Oliveira disse...

"...a felicidade só é mesmo possível quando aliada à irrestrita liberdade do ser."
Que bonito!